Cacheadas de plantão!
Hoje foi mais um dia daqueles em que você abre o jornal e simplesmente não acredita no que você está lendo. É exatamente isso que aconteceu comigo! Hoje lendo o Jornal A Tarde me deparo com essa manchete: “Cabelo black power é recusado por sistema da PF”, Fui ler a matéria o tomei o maior susto, primeiro porque aconteceu aqui em solo soteropolitano, terra que concentra um dos maiores índices de negros do país. Ao mesmo tempo, me coloquei no lugar da jornalista Lília de Souza, que é mulher, negra, usa o cabelo black e é linda!
Calma que eu explico a minha indignação: o intuito da jornalista era APENAS renovar o seu passaporte, mas foi impedida de tirar a foto com o seu cabelo black power, porque, segundo a policial que a atendeu, ” o sistema não aceita foto com cabelo black power”. Ou seja, isto é uma regra! Imaginei o quão constrangedor foi a situação, que por sinal, só foi resolvida depois que a mesma prendeu o cabelo com uma borrachinha de escritório cedida pelo pessoal do atendimento.
Aí que me vem algumas perguntinhas… desde quando o cabelo define o caráter das pessoas? Até quando vamos ter que passar por esses constrangimentos? Para mim que sou mulher negra, uso cabelo black exatamente como o da Lília, ler uma notícia dessas é como se eu estivesse levando uma surra, sem nenhum direito de defesa. É assim que me sinto neste momento, tão vítima de preconceito quanto ela. Espero que essa publicação sirva pra alertar ” o sistema”, que não é correto e nem possível determinar nosso estilo de ser, como se nosso país tivesse um único padrão a ser seguido. O que me conforta é que mesmo sendo obrigada a prender o lindo black, para tirar a foto, Lília com certeza, vai desfilar com este cabelo, que tem identidade, em qualquer lugar do mundo!
Aqui vocês podem ler a matéria na íntegra e o depoimento da jornalista, Lília de Souza, em sua rede social.
4 Comments
Renata Campelo
Nossa que absurdo! Eu não prenderia de jeito nenhum o meu cabelo e ainda processava!
Andréia Salles
Absurdo é pouco pra essa situação!
Beatriz
Fala sério… Isso é tremendo absurdo!