Desde que me entendo por gente, o cabelo sempre foi algo marcante para mim.
Não fui “contemplada” com madeixas lisas, macias e sedosas (o que seria bem estranho, diga-se de passagem) e minha mãe sempre se esforçou para manter meu penteado em dias para a escola.
Nos primeiros anos tinha uma caixinha totalmente dedicada à minha coleção de fitas (de todas as cores), xuxas (elásticos), maria-chiquinhas, presílias, etc. Que minha “mainha” sempre mantinha e renovava de tempos em tempos. A cada cor de roupa, um novo penteado com uma fita diferente.
Em outras vezes ela virava noites trançando o meu cabelo, ora com canecalon, ora somente com os fios naturais. Finalizava com as continhas coloridas, às quais, registre-se, ainda guardo alguns potinhos. Também tinha de todas as cores e tamanhos, e as que mais amava eram as cor de água (como eu chamava as transparentes), azuis e amarelas.
Com o tempo, minha mãe descobriu o Toín: um relaxante/permanente para o público infantil. Amava ver meus cabelos cacheados, balançando, após cada aplicação.
Hoje eu me pergunto: “porque o cabelo sempre exerceu tanta influência em mim?”
Sempre me preocupei com o que pensariam do meu cabelo, e sempre quis ser “diferente”, “descolada” (ainda se usa essa gíria?). Sempre admirei cabelos ao meu redor e tinha certeza de uma coisa: não queria ser igual aos iguais, mas aos diferentes.
O que me fascinava?
Fazendo essa breve retrospectiva, entendo agora que cabelo tem a ver com atitude.
Sim. Assumir a forma cacheada, lisa, ondulada, crespa, raspada… tem tudo a ver com atitude e personalidade.
Sabe o ditado que diz que o cabelo é a moldura do rosto? Pois entendo que também seja não apenas moldura, mas espelho de quem nós somos essencialmente.
Atualmente eu uso o estilo cacheada (digo atualmente pois sou uma camaleoa), mas há um tempinho minha cabeça era dominada por lindos (sim!) dreads rebeldes que eu amava!
Foi uma época de minha vida, de descoberta e liberdade. Isso se refletiu em meu penteado.
Penso que mesmo quando não está lá o cabelo reflete nossos momentos. Pergunte a alguém que passa pela dura realidade de ter que encarar a tesoura ou a máquina a contragosto. Aquela cabecinha lisa tem muita história para contar! Luta, superação, medo, dor, esperança…
Hoje eu entendo: cabelos marcam épocas, culturas e atitudes. Pode parecer um assunto fútil, quando tratado à primeira vista, mas não é preciso mergulhar muito fundo para perceber o leque de assuntos que se abre quando entramos nessa seara, objeto de estudo para sociólogo, psicólogo, filósofo (e outros ófos) nenhum colocar defeito.
Cabelo é moldura, espelho e reflexo. O cabelo fala mais sobre nós do que imaginamos.
E aí, o que seu cabelo diz sobre você, hoje????
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